"Há bifanas avec frites" no Stade de France.

As imediações do Stade de France, nos arredores de Paris, transformaram-se, durante algumas horas numa mistura de festa popular portuguesa com sotaque francês, antes do encontro particular de futebol entre França e Portugal.

Muitos dos donos das "roulottes" e "barraquinhas" que, do dia para a noite, apareceram junto ao recinto resolveram apostar numa fusão entre o português e o francês, talvez na tentativa de "conquistar" os milhares de emigrantes portugueses que vivem no país e que vão assistir ao jogo no estádio.

Com muitas bandeiras e cachecóis de Portugal à mistura, e também por vezes com a música de Quim Barreiros, uma das zonas mais parecia uma festa popular digna de um Santo António ou de um São João.

Enquanto uma das "barraquinhas" dizia nos seus letreiros que "Há bifanas avec frites" [há bifanas com batatas fritas], a outra ao lado optou pela "sardinhada", algo que já se adivinhava a alguns bons metros de distância devido ao habitual cheiro que se espalhou pela zona. Tudo, claro, com uma "imperial/biere" a acompanhar.

"Não gostamos de vir a Paris, não gostamos muito da cidade, só mesmo Portugal para nos fazer vir aqui", disse à Lusa um dos muitos emigrantes portugueses que passeavam pela "festa lusitana".

Joaquim Mendes veio de Arles juntamente com alguns familiares, todos vestidos a rigor com várias versões de cachecóis e camisolas da seleção das "quinas", incluindo ainda o número antigo (17) de Cristiano Ronaldo na equipa ou então o "9" do reformado Pauleta.

Nem só o futebol levou emigrantes portugueses ao Stade de France, como foi o caso das irmãs Mónica e Débora, de 15 e 17 anos, que tiveram uma razão "especial" para acompanhar pela primeira vez o pai.

"Cristiano Ronaldo, queremos ver o Cristiano Ronaldo. Se ele olhar para nós e acenar, vamos ser felizes para sempre", contou Débora à Lusa, que chegou com a sua família ao estádio cerca de cinco horas antes do início da partida só para tentar ver o "capitão" da seleção portuguesa. O Stade de France tem a particularidade de ter uma bancada inteira reservada apenas às famílias ou a pessoas acompanhadas de crianças.

Com poucos bilhetes disponíveis e também por causa do seu preço, muitos do emigrantes lusos vão acabar por assistir ao jogo pela televisão, como é caso de Jacinta, que vive e trabalha nos arredores de Paris há mais de 50 anos.

"Estou tão emocionada. Quero mesmo muito que Portugal ganhe. Se ganhar vou para a janela bater com as panelas, não quero saber dos meus vizinhos", disse a empregada hoteleira, que vai ver o jogo com os seus dois filhos que, mesmo já nascidos em França, vão "torcer por Portugal vestido com a camisola do Ronaldo".

By Sapo Desporto